“Mulheres e drogas“ foi o tema da videoconferência SICAD
realizada a 27 de outubro, e que contou com 271 participantes.
A sessão teve como oradoras, Linda Montanari, –
socióloga da saúde (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction),
Cristiana Vale Pires, psicóloga e investigadora (CEDH, FEP-UCP e Kosmicare),
Ana Filipa Faria, psicóloga clínica no Estabelecimento Prisional de Tires e
Joana Canêdo, mediadora comunitária no GAT, co-fundadora do grupo MANAS,
responsável por campanhas na Rede Europeia de Pessoas que Usam Drogas
(EuroNPUD), doutoranda em estudos de desenvolvimento no ICS - IUL.
Mulheres e drogas na Europa: dados, intervenções e
recomendações, responsividade de género na investigação e intervenção na área
das drogas, abordagem em meio prisional, e apoio mútuo entre mulheres
consumidoras de drogas e trabalhadoras do sexo, foram as perspetivas
apresentadas.
Aprofundar o conhecimento sobre as particularidades e
especificidades das mulheres nos percursos de usos de drogas foi o objetivo
desta videoconferência, segundo Alcina Correia (psicologia do Trabalho e
Sociologia do Trabalho, Organizações e Emprego, terapeuta familiar e diretora
da Direção de Serviços de Monitorização e Informação do SICAD), que teve a seu
cargo a moderação. No enquadramento que fez sobre o tema em análise referiu as
abordagens que sempre foram muito desenhadas e orientadas para responder às
necessidades do masculino. Estigma mais acentuado, menor capacidade financeira,
maior vulnerabilidade no trabalho, gravidez e crianças e violência de género
são alguns dos fatores que colocam as mulheres num quadro de maior fragilidade.
No espaço europeu o acesso ao tratamento é mais igualitário
nos países do norte, relativamente aos do sul. A nível das respostas para as
mulheres que usam drogas elas passam pela abordagem sensível às questões de
género, alguns serviços exclusivos, abordagem informada sobre traumas e
centralidade das relações, entre outras. No que ainda é necessário melhorar
encontram-se a investigação sobre questões de género e a eficácia das
abordagens que respondam às necessidades das mulheres que usam drogas.
Foi aprofundada a diferença entre conceitos como sexo
(biológico) e género (cultural).
Em meio prisional verifica-se um aumento da entrada de
mulheres com percurso de consumo de substâncias psicoativas, em que a maior
tipologia de crime associada é o tráfico, seguido do furto qualificado, roubo e
crimes contra pessoas. Entre os desafios existentes encontra-se a ocultação das
vulnerabilidades para o consumo de drogas provocada pela reclusão, maior
resistência a trabalhar em áreas fundamentais e a desmotivação para a mudança.
Conflito da ciência e das ciências sociais, consumo de
drogas e performatividade de género, e a apresentação do projeto “MANAS”,
liderado por pessoas não-binárias que sobrevivem à violência com base no apoio
mútuo, práticas artísticas e de bem-estar, e um espaço mais seguro para e por
mulheres vulneráveis que usam drogas e fazem trabalho sexual, foram outros
aspetos abordados neste evento online.
Assista à videoconferência gravada AQUI