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Perguntas Frequentes

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Perguntas Frequentes
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Perguntas Frequentes
  • Estatística
    • Quais os dados disponíveis mais recentes sobre o consumo de drogas ilícitas em Portugal? E sobre o tráfico?
      Relativamente ao consumo, existem vários estudos nacionais relativos quer à população portuguesa dos 15-64 anos, quer a contextos específicos, disponíveis neste site. Para além destes estudos, no Relatório Anual sobre a Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências disponível no nosso site  Dissuasão, Apreensões Policiais, Decisões Policiais e Reclusões, constam vários indicadores indiretos relativos ao consumo e ao tráfico, que permitem uma caracterização da situação atual e da sua evolução ao longo do tempo. É possível obter outro tipo de informação relativamente aos indicadores constantes no Relatório Anual sobre a Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências? Sim, nomeadamente para outros níveis de desagregação regional e para outras análises, através do endereço sicad@sicad.min-saude.pt. – área de estatística.
    • Quantos toxicodependentes existem em Portugal?

      Sendo a toxicodependência uma “realidade escondida e dinâmica”, quer em Portugal quer nos restantes países, não é por isso possível saber o número exato de toxicodependentes.  Contudo, existem estimativas a nível nacional e europeu sobre o consumo problemático de drogas, que permitem comparar a situação de Portugal com os restantes países europeus e perceber a evolução da situação ao longo do tempo. Existem, também, indicadores indiretos como os utentes em tratamento da toxicodependência e os utentes das estruturas de proximidade - Estatística, que permitem, para além de uma aproximação ao número de toxicodependentes, caracterizar a situação desses indivíduos de modo a dar respostas adequadas e perceber a evolução da situação ao longo do tempo.   Saber mais   "Estimativas de Prevalências e Padrões de Consumo Problemático de Drogas em Portugal" www.emcdda.europa.eu

  • Formação
    • O SICAD é uma Entidade Formativa Acreditada?
      Sim. O SICAD é uma Entidade Formativa Acreditada pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P (ACSS, I.P.) do Ministério da Saúde (MS) - Processo N.º 094/25-09-2002 -, bem como pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC) do Ministério da Educação – Registo de Acreditação CCPFC/ENT-NI-0100/13.
    • Que tipo de formações é que o SICAD promove?
      O SICAD promove cursos de formação de pequena, média e longa duração; seminários, encontros, conferências.
    • Como posso participar numa formação do SICAD?
      As formações organizadas e promovidas pelo SICAD são divulgadas nos itens “Oferta Formativa” ou “Eventos Formativos”, onde constarão todas as informações necessárias para a participação nas mesmas.
    • O SICAD acolhe Estagiários?
      Sim, o SICAD acolhe estágios académicos/curriculares nas suas Áreas de Intervenção e nas Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência.
    • O SICAD remunera os Estágios Curriculares/Académicos?
      Não, o SICAD não remunera os Estágios Curriculares/Académicos.
    • O que é que eu tenho de fazer para candidatar-me a um Estágio Curricular/Académico?
      Os candidatos a estágios deverão apresentar o seu interesse através do envio de uma mensagem eletrónica para o endereço formacao@sicad.min-saude.pt, mencionando a instituição de Ensino Profissional ou Ensino Superior a que pertence, a área de formação, o objetivo do estágio de acordo com a formação académica e a área de candidatura.
    • O que se entende por Formador?
      Entende-se por Formador o indivíduo que, reunindo os necessários requisitos científicos, técnicos, profissionais e pedagógicos, está apto a conduzir ações pedagógicas conducentes à melhoria dos conhecimentos e nível técnico dos formandos, de acordo com objetivos e programas previamente definidos. * 
       

      * Fonte: Decreto-Lei n.º 50/98 de 11 de marco, que define as regras e os princípios que regem a formação profissional na Administração Pública.
    • O SICAD tem uma Bolsa de Formadores?
      Sim, o SICAD tem uma Bolsa de Formadores.
    • A Bolsa de Formadores é formada só por formadores internos do SICAD?
      Não, a Bolsa de Formadores do SICAD é formada por formadores internos, que são simultaneamente profissionais do SICAD, e externos.
    • O que é necessário fazer para pertencer à Bolsa de Formadores do SICAD?

      Caso pretenda colaborar com o SICAD, enquanto formador, deverá efetuar sua a demonstração de interesse através do envio de uma mensagem eletrónica, para o endereço formacao@sicad.min-saude.pt, com a seguinte documentação anexa:

      • Curriculum Vitae em formato PDF
      • Cópia do Certificado de Competências Pedagógicas (ex-CAP)
      • Cópia do comprovativo da Habilitação Literária
      • Indicação das áreas para as quais possui experiência devidamente comprovada para ministrar formação.
        Identificação de trabalhos científicos realizados/publicado, caso se verifique.

      Após a análise da documentação rececionada, os candidatos serão informados da sua integração, ou exclusão, na Bolsa de Formadores SICAD.

    • O SICAD presta consultoria e acompanhamento operacional?
      Para acompanhar a conceção e desenvolvimento de projetos de formação, o SICAD tem um corpo de técnicos que presta apoio o apoio necessário à dinamização de ações de formação na área dos comportamentos aditivos e dependências.
  • Meio Laboral
    • A quem se destinam estas intervenções nos comportamentos aditivos no local de trabalho?
      A intervenção destina-se aos diferentes agentes do meio laboral português, ao setor público ou privado, e visa a promoção da saúde de forma integrada e global. Deve envolver todos os atores da organização: órgãos decisores, serviços e profissionais com implicações nesta matéria, nomeadamente o serviço de segurança e saúde no trabalho, os recursos humanos, a ação social, as chefias intermédias e diretas, os representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho, outros representantes dos trabalhadores e os próprios trabalhadores.
    • Como é que pode contribuir a intervenção preventiva em meio laboral nos comportamentos aditivos, para uma maior segurança e saúde no trabalho?
      A intervenção em Segurança e Saúde nos locais de trabalho está muito centrada na ótica dos fatores de risco profissionais. Os estilos de vida e os comportamentos individuais (nomeadamente os associados ao consumo de substâncias psicoativas) podem contribuir significativamente para potenciar os riscos inerentes a atividades laborais e esta intervenção preventiva pretende contribuir para a redução deste risco.
    • De que forma poderão ser sinalizados os trabalhadores cuja saúde e segurança no trabalho poderá ser condicionada devido ao consumo de substâncias psicoativas?
      Os trabalhadores de todas as entidades empregadoras têm direito a um serviço de saúde ocupacional ou de segurança e saúde no trabalho. Essa sinalização é exclusivamente feita no contexto da medicina do trabalho.
    • Existe algum diagnóstico específico relativo a esta problemática em Portugal?
      Embora não exista em Portugal nenhum diagnóstico abrangente é consensualmente aceite que sempre que existem consumos de substâncias psicoativas advêm destas consequências físicas, psíquicas, sociais e comportamentais e esses consumos interferem com o exercício da atividade profissional e colocam em risco a saúde dos próprios e terceiros e a integridade dos equipamentos, materiais e máquinas.
      Os dados da Organização Internacional do Trabalho Referem que cerca de 40% dos acidentes de trabalho envolvem ou estão relacionados com o consumo do álcool e que os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas têm maior probabilidade de ocorrência de acidente de trabalho e que têm mais comportamentos de risco para a segurança (negligência e diminuição da capacidade de julgamento) do que a população trabalhadora geral.
      O problema do consumo de substâncias psicoativas existe nas empresas ou organizações, tal como na sociedade em geral e as medidas implementadas nas empresas e organizações no âmbito dos problemas ligados aos consumos traduzem-se, a breve prazo, em benefícios relevantes para os trabalhadores e para as próprias organizações.
    • Existirão profissões que apresentem à partida maiores riscos de acidente?
      Embora a política de saúde e segurança se destine a todos os trabalhadores já a aplicação de testes de rastreio de álcool ou de substâncias ilícitas não deve ser universal.
      O rastreio já não será aceitável em termos legais, quando não exista uma razão objetiva para o realizar em função da segurança para o próprio, para outros trabalhadores, para os utentes dos serviços ou para a comunidade em geral ou quando os riscos sejam mínimos.
      O procedimento da deteção deverá estar inserido no âmbito da organização da segurança e saúde no trabalho, mais especificamente na medicina do trabalho, não devendo existir em qualquer outro contexto.
      Há condições de trabalho que são susceptíveis de afetar negativamente a saúde dos trabalhadores, comportando fatores de risco, físicos, químicos, biológicos ou psicossociais, potenciando os problemas ligados ao consumo de álcool e outras drogas. Estes fatores podem ser, por exemplo, atividades de risco elevado, horários prolongados, trabalho por turnos, ritmos de trabalho intensos, baixos salários, e/ou insegurança no emprego.
    • Quais as vantagens para as empresas? E para os trabalhadores?
      Para a empresa:
      • Maior comprometimento dos trabalhadores;
      • Melhoria da imagem como empresa socialmente responsável (no mercado e na comunidade);
      • Redução de custos relacionados com a saúde e a segurança;
      • Aumento da produtividade;
      • Redução do número de acidentes no trabalho;
      • Redução do absentismo.
      Para o trabalhador:
      • Acesso a informações adequadas sobre substâncias psicoativas e seus efeitos;
      • Oportunidade de reflexão e ajuda profissional para mudança de estilo de vida;
      • Oportunidade de reflexão e ajuda profissional para alteração do  padrão de consumo;
      • Participação pró-ativa em ações de promoção da saúde e segurança no trabalho.
    • Que questões legais e éticas há que ter em conta?
      É fundamental ter sempre presente a estrita confidencialidade de todos os procedimentos e informações concernentes à realização da deteção de substâncias psicoativas.
      Segundo o Código do Trabalho (Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro) os testes de alcoolemia ou de deteção de drogas, apenas são lícitos em casos absolutamente excecionais, quando estejam em causa interesses para a saúde e bem-estar do trabalhador, do empregador ou de terceiros.
      Também de acordo com a Comissão Nacional de Proteção de Dados e as orientações da Plataforma de Ética do Grupo Pompidou a aplicação de testes de deteção a trabalhadores deve cingir-se apenas a certas categorias profissionais cuja atividade envolva especiais riscos para os próprios, para terceiros ou para a sociedade em geral, desde que devidamente fundamentada.
    • Que tipo de respostas e ações estão previstas no sentido de prestar assistência aos trabalhadores?
      As ações a desenvolver junto dos trabalhadores dependem da capacidade de resposta das empresas ou organizações. A maior parte do tecido empresarial nacional é composto principalmente por micro, pequenas e médias empresas e de uma forma geral, estas não dispõem de recursos próprios em matéria de promoção e vigilância de saúde e poderão não ter capacidade de implementar algumas das ações. Desta forma, propõe-se que nestes casos a abordagem no âmbito da política de segurança e saúde no trabalho nessas empresas passe, prioritariamente, pela implementação de ações de prevenção (sensibilização / informação / formação) e de referenciação para as estruturas locais de prevenção, tratamento e reinserção das Administrações Regionais de Saúde, I.P.
    • Quem pode aplicar o teste de rastreio ao álcool e às substâncias ilícitas?
      Os testes devem ser sempre realizados pelo médico do trabalho ou sob sua responsabilidade. Só este profissional de saúde tem competência para interpretar um resultado positivo, correlacionando-o com o potencial efeito no trabalhador, tendo em conta as exigências e os riscos da atividade exercida. Decorre daqui que, os resultados positivos só podem ser valorizados quando analisados no contexto de um exame de medicina do trabalho. Quanto ao grau de dificuldade de realização dos testes habitualmente os procedimentos são simples e pouco demorados.
      O essencial, é a adoção pelas empresas e instituições de políticas e programas no âmbito da prevenção do consumo de substâncias psicoactivas.
      A questão de aplicação de testes para deteção destas substâncias é opcional. A existir, deve fazer parte do Regulamento da organização. Este instrumento deve ser claro e ser do conhecimento de todos os trabalhadores. Entre outros itens no Regulamento devem constar quais as substâncias alvo de deteção, quais as circunstâncias de aplicação dos testes bem como a sua frequência, quais os profissionais que poderão ser submetidos aos testes e quais os procedimentos a adotar no caso de resultado positivo incluindo, a possibilidade de contraprova.
  • Tratamento
    • Tenho um problema com drogas e/ou álcool. Onde posso informar-me sobre o que devo fazer?

      Neste Sitio do SICAD Tratamento. Neste site pode encontrar informações sobre as possibilidades de tratamentos disponíveis para os problemas relacionados com comportamentos aditivos e dependências, nomeadamente o consumo de substâncias psicoativas lícitas ou ilícitas;

      - Através da Linha Vida – 1414:  A Linha Vida SOS Droga – 1414  pode dar-lhe informações mais personalizadas, uma vez que falará pessoalmente com um técnico. O atendimento telefónico é efetuado de 2ª a 6ª feira das 10 às 18 horas.

      - Por contacto direto nos Centros de Saúde / Unidade de Saúde Familiar da sua zona de residência, ou nas Equipas Especializadas em comportamentos aditivos e dependências da Administração Regional de Saúde – Centros de Respostas Integradas, da sua região. Poderá, igualmente, dirigir-se pessoalmente a estas estruturas, onde irá ser atendido para obter mais informações. Nos CRI (Centros de Respostas Integradas), nas Unidades de Alcoologia, nas Unidades de Desabituação e nas Comunidades Terapêuticas - estruturas de tratamento distribuídas por todo o país, será atendido por técnicos de saúde, que o podem ajudar a encontrar a solução mais adequada para a sua situação.

       

    • Acho que o meu filho está a consumir drogas, mas não tenho a certeza. Ainda não falei com ele sobre isso porque tenho medo que fique ofendido se for mentira ou que me minta se for verdade. Há algum local onde me possam aconselhar sobre o que fazer?
      Poderá ligar para a nossa linha de apoio - Linha Vida SOS Droga – 1414 - e falar com um técnico que irá ajudá-lo a esclarecer todas as suas dúvidas. Se procura um atendimento personalizado, pode também dirigir-se às Equipas Especializadas em comportamentos aditivos e dependências da Administração Regional de Saúde – Centros de Respostas Integradas da sua área de residência. Estas equipas possuem terapeutas familiares e/ou outros profissionais com experiência de trabalho com famílias que poderão esclarecer as suas dúvidas, aconselhá-lo e apoiá-lo no processo de comunicação com o seu filho. Neste site, poderá encontrar informações sobre as substâncias e os seus efeitos e ainda alguma bibliografia para consulta. Em princípio, comunicar sobre todos os assuntos, mesmo os mais difíceis, é sempre preferível e resulta melhor do que deixar que se instale a desconfiança. No entanto, se está com muitas dificuldades de comunicação com o seu filho e sente que uma conversa se transformará numa possível troca de acusações e no aumento da hostilidade, poderá procurar ajuda junto das várias fontes acima mencionadas.
    • A minha filha tem um problema com drogas, mas não se quer tratar. Há algum sítio onde me possam aconselhar sobre o que devo fazer?
      Pode dirigir-se às Equipas Especializadas em comportamentos aditivos e dependências da Administração Regional de Saúde – Centros de Respostas Integradas da sua área de residência e pedir uma consulta como familiar. Os técnicos podem fazer consigo uma avaliação da situação e aconselhá-lo sobre as possibilidades de ajudar a sua filha a criar motivação para se tratar.
    • Podem obrigar o meu filho a tratar-se?
      Os tratamentos para os comportamentos aditivos e dependências realizados nas estruturas públicas do Ministério da Saúde são voluntários - o utente tem de aceitar fazê-los, podendo abandonar o tratamento se e quando o desejar. Nesse sentido, todas as intervenções terapêuticas procuram aumentar a motivação das pessoas para iniciarem e se manterem em tratamento. O envolvimento da família é geralmente um fator de motivação para o tratamento: mesmo quando as pessoas estão motivadas, o facto de poderem contar com a família e amigos é um elemento positivo que reforça o seu envolvimento neste processo.
    • Há alguns meses, comecei a consumir cocaína por brincadeira, nas saídas aos fins-de-semana com os amigos. Entretanto, de brincadeira passou a um hábito, e os consumos aumentaram. Porque é que não consigo parar de consumir?
      Em primeiro lugar, importa referir que a situação que apresenta sugere a necessidade de procura de ajuda especializada para lidar com as consequências da repetição dos comportamentos aditivos envolvendo uma substância psicoativa como a cocaína. Habitualmente, a primeira reação de quem desenvolveu um problema aditivo é tentar parar o consumo por si próprio: em alguns casos isso é possível, mas frequentemente a pessoa depara-se com a sua incapacidade para fazê-lo, mesmo tomando medidas ou modificando hábitos para facilitar a abstinência. Esta dificuldade tem a ver com as alterações produzidas no cérebro pelo uso repetido de substâncias psicoativas, as quais persistem mesmo para lá dos períodos de consumo; este facto, confirmado pelo conhecimento científico, é habitualmente ignorado, e não desejado pelo consumidor – no entanto, tal não o torna menos real e inevitável. As consequências dessas alterações a nível dos comportamentos são variadas, sendo de salientar como uma das mais comuns a incapacidade de manter o controlo sobre o impulso de consumir, mesmo pretendendo fazê-lo, à luz dos problemas que esse consumo pode estar a causar. Este facto tem, igualmente, importância uma vez que quando se instala esta dificuldade, será necessário procurar ajuda especializada.
    • Como se realiza o tratamento da toxicodependência e/ou do alcoolismo?
      Existem vários métodos para o tratamento da dependência de substâncias psicotrópicas. Compete aos técnicos das equipas de tratamento avaliar cada pessoa e propor o método de tratamento mais adequado, tendo em atenção a sua história de vida e a sua situação atual. Em termos gerais, é importante saber que o tratamento das dependências é um processo longo e exigente que implica frequentemente a intervenção de várias valências. Assim, se uma primeira etapa pode visar a abstinência dos consumos de substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas, as seguintes podem focalizar-se mais na reorganização psicológica e na reinserção social e profissional. Será ainda necessário avaliar o estado de saúde física e psíquica do utente, em muitos casos profundamente debilitada, o que requererá intervenções específicas nesta área. O tratamento pode passar por retrocessos, na medida em que implica mudanças no estilo de vida, que são difíceis de realizar e manter, podendo desencadear sentimentos muito contraditórios e difíceis de gerir. A abstinência do consumo poderá provocar alterações profundas na forma como viveu a sua vida até então: situações que anteriormente não o afetavam podem começar a ser vividas com dificuldades. As relações com a família, os amigos e conhecidos, os colegas de trabalho, vão modificar-se. Os investimentos na atividade laboral também vão sofrer alterações, bem como as suas rotinas quotidianas. Estas alterações podem provocar-lhe sentimentos diversos: por vezes, pode sentir prazer, alívio, orgulho, apoio e reconhecimento social, mas noutros momentos podem gerar também insegurança, ansiedade, solidão, desconfiança, vazio ou impotência. Se não estiver bem acompanhado e integrado num processo de tratamento consistente, poderá sentir-se desencorajado e perder a confiança na sua capacidade de superar os obstáculos que se lhe deparam, o que facilita as recaídas.
    • Conheço um caso de um toxicodependente que tem uma outra doença mental grave. As duas situações não estarão relacionadas? Isso não torna o tratamento mais complicado? Como é que se tratam estes doentes?
      Um certo número de toxicodependentes apresenta outras doenças mentais que ocorrem concomitantemente à sua dependência. Com efeito, 6 em 10 pessoas com uma adição a substâncias psicoativas, sejam elas lícitas ou ilícitas, sofrem de uma qualquer outra perturbação do foro mental. Este facto torna mais difícil o tratamento, pois mesmo que o doente melhore no que respeita aos seus consumos, a(s) outra(s) patologias podem a qualquer momento perturbar o tratamento, desencadear recaídas ou agravar a situação, mantendo-se muitas vezes o sofrimento e a dificuldade de recuperação e reinserção. Assim, é preciso abordar de uma forma integrada a(s) situação(ões) de doença mental que ocorrem simultaneamente, após uma análise cuidada de cada caso concreto, que terá uma proposta terapêutica adaptada, incluindo frequentemente medicação.
    • Como se marca uma primeira consulta numa Equipa de Tratamento? É melhor dirigir-me pessoalmente à Equipa Especializada de Tratamento para marcar a 1ª consulta?
      Atendendo a que existem procedimentos diferentes para cada equipa, poderá telefonar primeiro para se informar, bem como sobre os horários de atendimento. Frequentemente, antes da primeira consulta realiza-se uma entrevista de acolhimento, onde são recolhidos algumas informações sobre a sua situação atual e passada, de forma presencial, as quais não podem ser reveladas junto de terceiros, sem autorização do próprio. Nesta primeira fase do atendimento, os técnicos irão pedir-lhe alguns elementos de caracterização, como por exemplo: a residência; os contactos telefónicos e um resumo muito breve da situação que o levou a procurar tratamento. Considerando a informação sobre o seu pedido e história de consumos, são apresentadas as hipóteses de solução mais adequadas para o seu caso, informando-o sobre todas as respostas possíveis. Seguidamente, é encaminhado para as valências de tratamento mais adequadas às suas necessidades.
    • Na entrevista de acolhimento dão-me medicação para parar de consumir?
      A entrevista de acolhimento destina-se a conhecê-lo e fazer consigo uma primeira avaliação. Com a sua autorização, os familiares podem ser recebidos com o objetivo de complementar o conhecimento e avaliação da situação. É a partir deste conhecimento que os técnicos das equipas vão propor um projeto terapêutico. Em algumas equipas, nesta primeira entrevista pode ser acordado consigo o seu encaminhado para fazer alguns exames complementares de diagnóstico, cujo resultado é necessário conhecer antes de ser decidida qualquer intervenção com medicamentos.
    • Se for a uma Equipa de Tratamento posso ficar logo internado?
      As equipas de tratamento recebem os utentes em consultas externas, geralmente, com dia e hora marcada. Se pela avaliação da situação, for considerado necessário e mais adequado o internamento para desabituação, o tratamento residencial estruturado (em comunidade terapêutica), ou um internamento para tratamento de uma outra qualquer situação de saúde, o seu terapeuta informá-lo-á das diferentes alternativas e pode fazer o seu encaminhamento e preparação para a admissão na instituição proposta.
    • Um familiar foi internado numa clínica de desintoxicação. Vai ficar a tomar medicamentos que o vão dissuadir de voltar a consumir?
      A paragem dos consumos pode ser feita numa clínica de desabituação, com a prescrição de medicamentos que ajudam os doentes a suportar a síndrome de privação das substâncias. Mas esse é apenas o primeiro passo do tratamento. Dependendo do caso, deverá seguir-se um processo que pode incluir medicação, psicoterapia, terapia familiar, internamento em comunidade terapêutica ou combinações destas medidas, ou outras. O objetivo é que a pessoa possa recuperar as condições para ser integrada no seu meio familiar, laboral e comunitário, sabendo que esse processo pode ser longo.
    • O amigo de uma amiga está a fazer um tratamento que lhe foi recomendado por alguém que tem o mesmo problema, que ela, de abuso de canábis. Ela está a pensar em pedir alguns comprimidos a esse amigo, para tentar controlar a situação. Isto está certo?
      Não, não é uma boa opção. O tratamento adequado para o abuso de qualquer substância depende de vários fatores que requerem uma análise por alguém com experiência, um técnico de saúde especializado. O que resulta numa pessoa pode não ser o mais eficaz para outra, as pessoas são diferentes, os padrões de consumo, as causas, as motivações e os contextos não são iguais em todas as pessoas, mesmo que partilhem os mesmos gostos, o mesmo bairro e consumam no mesmo grupo. O tratamento deve ser individualizado, de acordo com as características e as necessidades de cada pessoa e com os recursos individuais e familiares existentes para abordar o problema. Só um técnico de saúde com experiência poderá fazer um diagnóstico correto, propor um programa de tratamento e acompanhar a sua evolução.
    • Sou toxicodependente e consumo heroína. Já tentei muitos tratamentos mas agora falei com uns amigos que estão a tomar Metadona e estão a dar-se muito bem. Queria começar também a tomar. Onde posso dirigir-me?
      A proposta para um Programa de Tratamento com o medicamento cloridrato de metadona tem de ser avaliada pelo seu terapeuta de referência e/ou pelo seu médico, carecendo sempre de prescrição médica. Existem indicações, critérios e regras para a admissão nestes programas que é importante conhecer. É importante saber que o tratamento da dependência de heroína tem várias componentes: para além das respostas farmacológicas, de que o cloridrato de metadona pode fazer parte, as intervenções a nível psicológico e de reinserção social são indispensáveis para aumentar a probabilidade de sucesso.
    • Ao prescrever metadona ou buprenorfina não estaremos a substituir uma dependência por outra em vez de tentar curar a toxicodependência?
      Não, a metadona e a buprenorfina são medicamentos prescritos e administrados nos casos em que os doentes, por variadas razões, não têm condições ou não podem integrar num programa de abstinência. Além disso, a utilização destes medicamentos é feita de modo controlado, adaptada a cada caso, de acordo com a condição de saúde e motivação para o tratamento dos doentes, geralmente na presença de técnicos ou, em alguns casos, de familiares ou de pessoas que se responsabilizam no acompanhamento do doente. Os efeitos destes medicamentos são diferentes da heroína ou outras substâncias similares e a sua utilização, em condições controladas, é segura. A metadona e a buprenorfina têm um efeito gradual e produzem níveis estáveis de opióides no cérebro, o que evita os efeitos mais aditivos (súbita e intensa euforia, a que se segue uma queda brusca e consequente vontade de voltar a consumir), e assim reduzem o desejo de consumo de heroína e de outros opióides. Se uma pessoa ao ser tratada com estes medicamentos consumir heroína ou outra substância similar, os efeitos habituais destas substâncias não aparecem ou são amortecidos. O tratamento com metadona ou buprenorfina salva vidas, ajuda a estabilizar os indivíduos, permite a abordagem terapêutica de outros problemas médicos, psicológicos e sociais, contribuindo para a inserção efetiva da pessoa na família e na comunidade.
    • Sou toxicodependente, às vezes consumo heroína, mas a minha droga preferida é a cocaína. Disseram-me que não há tratamento para o consumo de cocaína, tem de ser só a “força de vontade”. Isso é verdade?
      Não é verdade. Existem abordagens terapêuticas diversas para a dependência de cocaína, que inclui a combinação de intervenções farmacológicas, psicológicas e sociais. Para tal, deverá dirigir-se à equipa de tratamento da sua residência onde será avaliada a situação em que se encontra e ser-lhe-á proposto um projeto terapêutico específico, o qual contemplará de forma integrada todos os seus problemas de dependência, bem como outras complicações ao nível da saúde física ou mental que eventualmente tenham vindo a surgir, associadas a esses consumos.
    • Estou a ter consultas para me tratar da dependência de drogas mas já aconteceu ter voltado a consumir. Quando a vida não me corre bem tenho dificuldade em resistir. Vale a pena continuar um tratamento que até agora não me livrou das drogas?
      Não deve desistir, e por várias razões: dependendo da fase do tratamento em que se encontra e do seu caso concreto, existem vários tipos de respostas que se podem adaptar às necessidades e à evolução de cada caso concreto. Para além do objetivo de parar os consumos, o processo terapêutico deve procurar a reintegração das pessoas no meio familiar, laboral e comunitário. Este percurso é feito com avanços e recuos, com recurso a diferentes estratégias que podem passar por psicoterapia, com ou sem apoio de medicação, terapia familiar, plano individual de reinserção, e outras. A adição, durante o processo de tratamento, pode ser gerida de modo a permitir que cada indivíduo consiga retomar o controlo da sua vida. Tal como acontece com outras doenças crónicas, como a diabetes, a hipertensão arterial e a asma, é frequente a ocorrência de recaídas no consumo de substâncias, lícitas ou ilícitas. A recaída não significa o falhanço do tratamento, do mesmo modo que o abandono temporário da terapêutica ou da dieta prescrita para um doente hipertenso não é sinónimo de fracasso: são muitas vezes situações que requerem um ajuste da terapêutica e da abordagem ao problema ou a mudança do modelo de tratamento.
    • Um amigo meu está há meses a tratar de um problema de dependência de drogas. Durante quanto tempo é que vai precisar de apoio?
      A experiência mostra que o tratamento da dependência de substâncias psicoativas pode ser prolongado e não é linear. Os melhores resultados obtêm-se com tratamentos prolongados e contínuos. Como acontece com outras doenças crónicas, as recaídas podem ocorrer, sendo necessário ajustar ou alterar a estratégia seguida de modo a retomar o processo que leve à sua reintegração social.
    • Estou em tratamento num serviço privado e propuseram-me ser internado numa Comunidade Terapêutica que tem convenção com o SICAD. Tenho de ir à Equipa de Tratamento da minha área de residência para que o meu tratamento seja comparticipado?
      Sim, para uma consulta de avaliação. No entanto, se estiver assegurada vaga na Comunidade Terapêutica convencionada, o processo poderá decorrer de uma forma rápida e simples. Geralmente, esse contato com as equipas de tratamento destina-se a confirmar a indicação para tratamento em comunidade terapêutica, bem como avaliar da necessidade de, no seu caso, se recorrer a algum dos Programas Específicos para jovens, grávidas, utentes com problemas relacionados com o álcool, utentes com problemas de doença mental grave concomitante, ou ainda para utentes de evolução prolongada. Refira-se que este procedimento tem igualmente como objetivo ajustar e adequar o tratamento às suas necessidades globais, em termos de cuidados de saúde promovendo ainda uma reinserção social mais ajustada após a saída de tratamento.
    • Tenho de pagar alguma coisa pelas consultas nas Equipas de Tratamento? O que tenho de fazer para ser isento do pagamento de taxas moderadoras?
      As consultas nas Equipas de Tratamento são gratuitas. Os utentes destas equipas podem pedir isenção do pagamento das taxas moderadoras relativas às consultas no Serviço Nacional de Saúde. O pedido de isenção é feito no seu Centro de Saúde, mediante a apresentação de uma declaração da equipa de tratamento onde está a ser acompanhado.
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