Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal

SICAD

:

detalhe

  • A-
  • A
  • A+
SICAD
POPULAÇÃO MATERNO INFANTIL SEM ÁLCOOL EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - POPMISA22/10/2020
imagem POPMISA

Este projeto surge em São Tomé e Príncipe (STP) para o ano 2019-2020, como uma iniciativa da Associação Helpo em parceria com a Direção dos Cuidados de Saúde do Ministério da Saúde de STP, do PNN – Programa Nacional de Nutrição e do PSRPrograma de Saúde Reprodutiva. Conta com a parceria técnica e científica do SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências e da FCNAUP – Faculdade Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto.

O POPMISA tem como por objetivo aumentar o conhecimento dos riscos que o consumo de bebidas alcoólicas traz para a saúde e estado nutricional em mulheres em idade fértil, mulheres grávidas e crianças dos 0 aos 5 anos

O trabalho até aqui realizado foi apresentado no dia 20 de outubro, numa videoconferência entre Portugal e São Tomé e Príncipe. Foram divulgados os resultados do diagnóstico do consumo de bebidas alcoólicas na população materno-infantil santomense e os resultados de análises de teor do álcool do vinho de palma. Teve lugar, igualmente, o lançamento da campanha de sensibilização nos media, que alerta para os perigos do consumo de álcool.

Ao apresentar o POPMISA, Madalena Ortigão, da ONG Helpo, referiu os dois objetivos gerais do projeto: contribuir para a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e para a melhoria da saúde e do estado nutricional da população materno-infantil e aumentar o conhecimento dos riscos do consumo de bebidas alcoólicas. Depois de enunciar algumas das atividades que aconteceram, apresentou o Manual construído no âmbito do projeto para apoiar a intervenção dos profissionais de saúde - Gravidez e Alimentação – Boas Práticas de Alimentação e Prevenção do Consumo de Bebidas Alcoólicas.

Na sua intervenção, o Subdiretor-Geral do SICAD, Manuel Cardoso, abordou o tema do uso nocivo do álcool e consequências para a saúde, especialmente no que à população materno-infantil diz respeito, destacando o síndrome alcoólico fetal. Acentuando a gravidade deste tema, divulgou dados da Organização Mundial da Saúde que apontam para três milhões de mortes em todo o mundo, e 132 anos de vida perdidos por incapacidade, em 2016, resultantes do uso nocivo do álcool. Fez questão de realçar três mensagens imprescindíveis: não beber se estiver grávida, se tiver menos de 18 anos, e se for conduzir. Nesta videoconferência, ainda agradeceu à Helpo pelo envolvimento do SICAD neste projeto e pela sensibilidade que têm para o problema do consumo de bebidas alcoólicas pela população materno-infantil, nomeadamente as grávidas. Agradeceu, igualmente, ao Instituto Camões pelo financiamento, essencial para a existência deste projeto, e às autoridades de São Tomé e Príncipe, pela sua abertura em relação ao POPMISA. Já na fase final deste evento online, Manuel Cardoso, reforçou a disponibilidade do SICAD para continuar e reforçar esta cooperação.

O diagnóstico do consumo de bebidas alcoólicas pela população materno-infantil de São Tomé e Príncipe, foi o tema seguinte, abordado por Ludmila Carapinha, da Divisão de Estatística e Investigação do SICAD, que esteve diretamente envolvida na construção do questionário que permitiu conhecer melhor a realidade do consumo de bebidas alcoólicas na população de São Tomé, especialmente nas mulheres em idade fértil, grávidas e a amamentar, e nas crianças até aos 5 anos. Com uma amostra constituída por 937 mulheres e 67 enfermeiros, os resultados revelam que 95% das mulheres em idade fértil, 79% das grávidas, 92% das mulheres em período de amamentação, e 28% das crianças com menos de cinco anos, metade das quais com menos de um ano, já tinham consumido bebidas alcoólicas nos doze meses anteriores ao inquérito. Nos últimos trinta dias, os valores situam-se nos 5% e 11%, para grávidas e mulheres em período de amamentação, respetivamente. Este diagnóstico apresenta o vinho da palma doce como a bebida alcoólica mais consumida, com uma frequência de três vezes por semana, ou menos. Para este consumo, contribui a desvalorização do risco e o papel da ingestão de álcool no convívio.

Apurar o teor alcoólico do vinho da palma doce, bebida cujo uso é generalizado na população, era uma componente importante do projeto. Assim, foram apresentados os resultados de análises de teor alcoólico desta bebida, obtida a partir da fermentação da seiva de várias espécies de palmeiras, e que se constitui, muitas vezes, como uma oportunidade de subsistência de famílias. Os dados, apresentados por Olívia Pinho, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, e por Antónia dos Santos Neto, do CIAT – Centro de Investigação Agronómica e de Investigação Tecnológica de São Tomé e Príncipe, revelam que quanto maior for a exposição da bebida ao tempo, maior é o teor alcoólico da mesma. Por exemplo, após 27 horas da colheita, pode atingir teores de cerca de 7% de álcool, o que representa um teor elevado, principalmente para ser consumido por grávidas e mulheres em período de amamentação.

Na parte final deste evento online, teve lugar o lançamento da campanha de comunicação, constituída por cartazes, e vídeos de sensibilização para os efeitos do consumo do vinho da palma doce.

O projeto POPMISA, iniciado em janeiro de 2019, terminará no final do corrente mês de outubro, com ações formativas que decorrerão durante uma semana, dirigidas aos profissionais de saúde em cada um dos sete distritos de São Tomé e Príncipe. Graça Vilar, de Direção de Serviços de Planeamento e intervenção do SICAD,  é formadora da componente relacionada com os problemas ligados ao álcool, a Helpo e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, dinamizam a formação com conteúdos na área da nutrição e alimentação.

A Formação está a decorrer online até ao fim da próxima semana (30 outubro).​

20.jpg 29.jpg 59.jpg 76.jpg 

Voltar