Há cerca de 2 anos teve uma paragem cardiorrespiratória em plena
consulta, na unidade de Agualva-Cacém; embora tenha sido possível a reanimação,
ficou com sequelas graves e tem estado institucionalizado desde então. Morreu
no dia 30 de julho, dia em que completava 68 anos de idade.
À Família e aos Colegas que com ele trabalharam e que o conheciam mais de perto
enviamos um emocionado abraço de sentido pesar.
Publicamos um pequeno texto da Colega Emília Leitão, da DICAD/LVT,
que com ele privou desde o início do Centro das Taipas
IMPOSSIVEL ELOGIO
Discreto. Muito discreto.
Mas o seu olhar impunha-se.
Era um olhar atento, doce, perscrutador, de quem, com serenidade, procura
incessantemente aceder ao que o outro quer dizer, ao que o outro lhe quer
dizer. Neste olhar se inscrevia a capacidade de se abrir à surpresa dos
instantes, à compreensão do que estava para além da norma. Acolhia, assim,
dimensões da realidade que escapavam ao olhar comum, mesmo que depurado por
saberes.
Acutilante e de uma
sensibilidade particular e inteligente, encontrava sentido em pequenos
detalhes, mesmo no interior de vivências de enorme adversidade.
As Dependências, a
Psiquiatria, áreas a que apaixonadamente se dedicou, desde o Centro das Taipas,
à ET-Sintra e, mais, recentemente, no PSBLE de Lisboa, em Ares do Pinhal,
são-lhe devedoras da síntese entre saber e sabedoria, a qual permanecerá na
forma como marcou doentes e colegas. Muito nos ensinou.
Sobretudo gostava de
pessoas.
Era psiquiatra e chamava-se
João Tavares - João Frederico Cerveira Pires Tavares. Morreu dia 30 de julho
2020.
Emilia Leitão
Psiquiatra- DICAD/ARSLVT
(2/8/2020)