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Prevenção

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 PREVENÇÃO

 
 
ENQUADRAMENTO
 
A prevenção, no âmbito do sector da saúde enquadra-se no modelo que preconiza um contínuo nos cuidados e abordagem aos indivíduos. Foca-se na alteração dos comportamentos e das práticas pessoais e sociais, no sentido da promoção da saúde individual e coletiva. Enquanto dimensão do conhecimento científico, a prevenção ganhou um grande impulso nos países ocidentais nas últimas duas décadas, que se traduziu num aumento da qualidade da conceptualização e eficácia das intervenções desenvolvidas (Albee, 1996).
 
A prevenção ou intervenção preventiva tem como objetivo fornecer aos indivíduos e/ou a grupos específicos conhecimentos e competências necessárias para lidarem com o risco associado ao consumo de substâncias Psicoativas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências (CAD). Age igualmente sobre contextos reduzindo a presença de fatores facilitadores da instalação dos supracitados comportamentos ou promovendo o desenvolvimento de fatores de proteção. As estratégias preventivas destinam-se à população geral, a subgrupos e a indivíduos e aplicam-se nos domínios do indivíduo, da família, da escola e da comunidade (IOM, 1994/2009).
 
Os modelos compreensivos e de influência social indicam que existem fatores de risco e de proteção que influenciam as atitudes e os comportamentos dos sujeitos em relação ao consumo de substâncias psicoativas e outro CAD. Estes fatores, de natureza biológica, psicológica e social, são internos ou externos aos indivíduos e atravessam os vários domínios da sua vida. Os fatores de risco constituem-se como características e condições individuais, sociais ou ambientais (comportamentos, atitudes, contextos específicos) que aumentam a probabilidade de um indivíduo/grupo vir a consumir substâncias psicoativas ou outros comportamentos de risco, por outro lado, identificam-se como fatores de proteção as características e condições individuais, sociais ou ambientais (comportamentos, atitudes, contextos específicos) que reduzem essa probabilidade. Os fatores de proteção permitem assim, diminuir o impacto dos fatores de risco, ou aumentar a capacitação para lidar com eles.
 
Na interação/influência entre estes fatores, assumem particular importância, no desenvolvimento ou não de comportamentos de aditivos, a vinculação familiar, escolar e social (belonging) a influência dos pares, a vulnerabilidade e a resiliência.
 
Nesse sentido, a prevenção e a promoção da saúde, em particular da saúde mental, devem contemplar a avaliação da presença de fatores protetores/indicadores positivos para além dos indicadores de risco e de doença (Jessor, Turbin & Costa, 1998; Iglesias, 2002; Substance Abuse and Mental Health Services Administration [SAMHSA], 2002; Keyes, 2006; World Health Organization [WHO], 2004).
 
No que se refere à prevenção do consumo de substâncias psicoativas, o Institute of Medicine (IOM), com base nos modelos compreensivos e de influência social, preconiza que a intervenção preventiva deve ser operacionalizada através da avaliação dos fatores de risco associados dos indivíduos, tendo proposto um modelo operacional para o desenho das intervenções que contempla os níveis: universal, seletiva e indicada (IOM, 1994, 2009).
 
A Prevenção Universal é dirigida à população geral sem prévia análise do grau de risco individual. Toda a população é considerada como tendo o mesmo nível de risco em relação ao abuso de substâncias e como podendo beneficiar dos programas de prevenção. Os programas de prevenção universal variam no tipo, estrutura e duração. Os seus componentes contemplam a informação e o desenvolvimento de competências entre outros.
 
A Prevenção Seletiva é dirigida a subgrupos ou segmentos da população geral com características específicas identificadas como de risco para o consumo de substâncias psicoativas. O risco é avaliado em função dos fatores que o grupo apresenta em relação ao abuso de substâncias, não sendo avaliado o grau de risco individual. Os programas de prevenção seletiva são de média ou longa duração, variam no tipo e estrutura e os componentes contemplam a informação e o desenvolvimento de competências, entre outros.
 
A Prevenção Indicada dirige-se a indivíduos com comportamentos de risco, que exibem sinais de uso de substâncias psicoativas ou que apresentam outros comportamentos de risco ou problemáticos de dimensão subclínica. É avaliado o nível de risco individual. Os programas de prevenção indicada são de longa duração, variam no tipo e estrutura e os componentes contemplam tal como nos níveis anteriores a informação e o desenvolvimento de competências, entre outros (IOM, 1994, 2009).
 
Prevenção Ambiental
Mais recentemente tem sido desenvolvida outra abordagem em prevenção, designada Prevenção Ambiental, que visa a alteração das normas sociais, através de estratégias globais que intervêm ao nível da sociedade e dos sistemas sociais. Estas estratégias preconizam a transformação dos ambientes culturais, sociais, físicos e económicos, que interferem com as escolhas individuais do uso de substâncias psicoativas. Neste âmbito, inserem-se medidas legislativas nacionais e internacionais relativas ao consumo e venda de substâncias psicoativas ilícitas e lícitas, como por exemplo, a taxação fiscal de produtos como o álcool e o tabaco, a exposição a mensagens publicitárias, o controlo da idade de venda dos mesmos ou ainda medidas em contextos particulares, como o meio escolar, que regulamentam o seu uso para toda a comunidade escolar (alunos, professores, profissionais e responsáveis pelos alunos) (EMCDDA, 2011).
 
Uma última referência deverá ser feita para o caracter específico ou inespecífico da intervenção, enquanto abordagem focada exclusivamente nos problemas resultantes dos comportamentos aditivos ou numa abordagem mais ampla e integrada que vai ao encontro de aspectos comuns a outras expressões de mal-estar como as perturbações do comportamento alimentar, o desenvolvimento de comportamentos violentos ou de bullying, a adopção de comportamentos sexuais de risco, os processos de isolamento e depressão e ao limite do risco de suicídio. É frequente a separação artificial das abordagens preventivas mas a procura de respostas integradas vem sendo cada vez mais uma necessidade face às exigências de racionalização de recursos e à necessidade de evitar uma sobrecarga de mensagens dirigidas ao mesmo grupo sujeito.

 

 

 



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