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MODELO PORTUGUÊS: RESULTADOS E DESAFIOS FOI O TEMA DA PRIMEIRA VIDEOCONFERÊNCIA SICAD DE 202326/1/2023


“Modelo Português: Resultados e Desafios” foi o tema da videoconferência SICAD realizada a 26 de janeiro, que teve como oradores convidados, Jorge Quintas, psicólogo e doutorado em criminologia, professor na Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto e investigador no CJS – Centro de Investigação Interdisciplinar da Escola de Criminologia; Ximene Rego, psicóloga, doutorada em antropologia, e investigadora integrada no Centro de Investigação em Justiça e Governação da Universidade do Minho; Daniel Martins, químico e coordenador do Serviço Drug Checking, da associação Kosmicare; Adriana Curado, psicóloga, e coordenadora de projetos na área das drogas no Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT); Maria Carmo Carvalho, psicóloga, doutorada, e professora auxiliar na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica do Porto. Alcina Correia, de Psicóloga do Trabalho e de Sociologia do Trabalho, Organizações e Emprego, terapeuta familiar, e diretora da Direção de Serviços de Monitorização e Informação do SICAD, moderou a sessão, que contou com 242 participantes.  

Apresentaram-se alguns resultados, em diversas componentes dos comportamentos aditivos e das dependências (CAD), nomeadamente, na justiça, assinalaram-se as situações de crime por consumo, as salas de consumo assistido recentemente criadas, e a intervenção em redução de riscos e minimização de danos, e deixaram-se alguns desafios para o futuro. Entre estes, mais ousadia nas políticas públicas de CAD, regulação de mercados através de políticas de saúde pública, todas as situações de consumo na esfera contraordenacional, ampliação dos serviços de redução de danos e a organização da rede de respostas, a importância do prazer e bem-estar em contraponto com os  danos causados pelo consumo, e a estrutura de governação. Todos os intervenientes manifestaram discordância e condenação em relação aos recentes discursos apelando ao regresso da criminalização do consumo de substâncias. 

As palavras de boas-vindas foram dadas pelo diretor-geral do SICAD, João Goulão, que manifestou o desejo de que 2023 traga energia para continuar a dar resposta aos problemas ligados aos CAD e, sobretudo, aos cidadãos em situação de vulnerabilidade. Após destacar a importância e o sucesso das videoconferências SICAD na disseminação de conhecimento, afirmou que a presente edição constituiu o replicar “para dentro de portas” da sessão estruturada sobre o Modelo Português, ocorrida na Lisbon Addictions 2022, que suscitou muito interesse e participação. No encerramento declarou que as intervenções ocorridas convocam todos para futuras discussões, considerando existir muito espaço para evoluir e caminhar. 

Jorge Quintas afirmou que a lei da descriminalização teve o grande mérito de não aumentar o consumo de drogas e de ter contribuído para a diminuição de crimes associados às drogas, apesar de ter deixado de fora o cultivo. Ximene Rego alertou para a maior complexidade da paisagem psicotrópica atual, recordou que Modelo Português foi desenhado sob o desígnio de “Antes Tratar do que Punir”.  Com a transformação social e diversificação dos consumos novos desafios se colocam ao modelo. Daniel Martins fez uma reflexão sobre o estado da Redução de Riscos, afirmando que o conceito de risco associado ao consumo de drogas não pode ser definido apenas pelas caraterísticas das substâncias. Há outros fatores a considerar na equação, a componente económica e social. Adriana Curado considerou que a Redução de Riscos ainda convoca muitos medos, fantasmas e estigmas, e que as salas de consumo assistido são a intervenção que concentra o maior número de esforços. Maria Carmo Carvalho observou que o Modelo Português, aproveitou a sua intervenção para desafiar o SICAD, em termos futuros, quanto à acessibilidade aos canabinóides e à disseminação de conhecimento quanto ao uso de substâncias psicadélicas, por exemplo, para efeitos terapêuticos. 

O trabalho desenvolvido pelas Comissões para a Dissuasão da Toxicodependência (CDT), no âmbito da lei de descriminalização do consumo, foi realçado por todos os oradores. 

A próxima videoconferência SICAD decorrerá em fevereiro, com tema ainda a definir.


Assista à videoconferência gravada AQUI​

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