O SICAD deu início ao ciclo de videoconferências para 2022 com
o tema “Drug checking como ferramenta para lidar com a anarquia dos
mercados de drogas”.
Os conferencistas convidados foram Helena Valente, psicóloga
e investigadora, Daniel Martins, químico e coordenador do serviço de drug
checking, ambos da Associação Kosmicare, e João Matias, epidemiologista, do
Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. A moderação esteve a
cargo de Paula Frango, da Divisão de Prevenção e Intervenção comunitária, do SICAD.
Daniel Martins começou por apresentar o drug checking
como um serviço que permite aos
utilizadores de drogas
analisarem quimicamente amostras e receber aconselhamento especializado que
permite potencialmente reduzir riscos associados. Divulgou também um relatório onde são apresentados dados da análise de amostras
recolhidas no âmbito das atividades do serviço de drug checking entre novembro de 2020 e novembro de 2021 e
destacou alguns dados. Para o futuro, apelou a uma política de drogas sensata e
ao alargamento das análises às amostras de cannabis (THC/CBD).
Helena Valente falou na perspetiva do perfil do consumidor,
dando realce à importância da análise química como esclarecedora dos potenciais riscos
das drogas e também ao contacto com as pessoas que cada vez mais procuram estes
serviços porque sentem que são seguros. Um dado que se destacou foi de que 86%
das pessoas decide descartar as substâncias quando ela não é a esperada e a
população é predominantemente composta por indivíduos do sexo masculino e bem
integrados socialmente.
A Kosmicare tem produzido e investido na produção científica, não só com informação
dos festivais, nomeadamente o Boom Festival, mas também com o serviço de
Lisboa. Lançou como desafios conseguir chegar a mais pessoas, sobretudo às mais vulneráveis,
tornar o serviço mais apelativo às mulheres e ser mais inclusivo.
João Matias falou do drug checking do ponto de vista
europeu. Fez uma breve descrição do Observatório Europeu das Drogas e das Toxicodependências (OEDT)
e de como funcionam os pontos focais, sobretudo nos sistemas de alerta.
Abordou ainda o impacto da pandemia no drug checking e
a maneira como os mercados de drogas ficaram mais digitais e rapidamente se
adaptaram. O acesso à Rede de Peritos foi importante para ver o que estava a
acontecer quando os serviços foram fechados.
Ao terminar, João Goulão, diretor-geral do SICAD e Coordenador
Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do uso nocivo do
Álcool, felicitou os oradores pela qualidade das intervenções e relevou o papel
do OEDT na produção
de evidência científica, lançando ainda a questão de como levar este serviço de
drug checking a outras zonas do país.
Este evento contou com 217 participantes.
Assista à videoconferência gravada aqui
A próxima videoconferência realizar-se-á no dia 25 de
fevereiro e o tema será “Questões de género em CAD”.