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TU-ALINHAS
FRANZ KAFKA20/12/2018
fotografia de Franz Kafka

O Autor e a sua Obra

Pequena Biografia de Kafka e um pequeno excerto da "Carta ao Pai"...

Franz Kafka nasce em 3 de julho de 1883, filho mais velho do comerciante Hermann Kafka (1852-1931) e de sua esposa Julie, nascida Löwy (1855-1934), na cidade de Praga.

Cresce sob as influências de três culturas: a judaica a chega e a alemã. No ano de 1902 conhece Max Brod, seu grande amigo, e no ano de 1922 pedir-lhe-á que destrua todas as suas obras após a sua morte.

Sua infância e adolescência foram marcadas pela figura dominadora do pai, comerciante próspero, que sempre fez do sucesso material a tábua de valores  para si e para os outros.

Teve vários casos amorosos mal resolvidos, uns por intervenção dos pais das namoradas, outros por desinteresse próprio. Kafka faleceu no dia 3 de junho de 1924 no sanatório Kierling perto de Klousterneuburg na Áustria. A causa oficial da sua morte foi insuficiência cardíaca; Kafka sofria de tuberculose desde 1917.

Na obra de Kafka, a figura paterna aparece associada tanto à opressão quanto à aniquilação da vontade humana, especialmente na célebre Carta ao pai, escrita em 1919.

É desta carta que hoje transcrevemos uma pequena passagem para ti.

É, entretanto, que se mostra talvez mais claramente a nossa inocência comum. A dá a B um conselho sincero de acordo com a sua conceção de vida, concelho que não é muito belo, mas que é hoje de um uso absolutamente corrente nas cidades, e, que, para mais, é talvez próprio para afastar certas coisas perigosas para a saúde. Moralmente este conselho não é muito reconfortante para B, mas com o tempo, porque razão B não dominaria o mal que lhe é feito, não é de modo algum obrigado a seguir o conselho, e em todo o caso, o conselho por si só não é um motivo suficiente para que B veja desmoronar-se sobre si quase toda a organização do seu futuro. Foi contudo qualquer coisa deste género que se produziu, mas por esta única razão, justamente, de que tu és A e eu sou B.

O que me dá ainda uma boa visão da nossa inocência recíproca é o choque que se produziu entre nós alguns vinte anos depois em circunstâncias completamente diferentes e que, se era atroz enquanto facto, comportava apesar de tudo infinitamente menos perigos - haveria, com efeito, no homem de trinta e seis anos que eu era então qualquer coisa que ainda pudesse ser ofendida?

Penso aqui no pequeno discurso que me fizeste um dia, na época dos dias movimentados que se seguiram ao anúncio do meu último projeto de casamento. Disseste-me pouco mais ou menos: "Suponho que ela pôs qualquer corpete escolhido com cuidado, como as judias de Praga sabem fazer, e naturalmente por isso, decidiste casar com ela. E isso o mais depressa possível, numa semana, amanhã, hoje. Não te compreendo, és um homem adulto, vives numa cidade, e não encontras outra solução além de casar com a primeira mulher que aparece. Não haverá na verdade outras possibilidades? Se tens medo de o fazeres por ti próprio, irei vê-la contigo." (p. 60)

Kafka, F. (2000). Lisboa. Guimarães Editores.

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