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Revista toxicodependências

 
Revista nº: 3/1996
DA RUA DIFICILMENTE SE SAI SOZINHO!

Ana Paula Marques e Carlos Fugas

RESUMO
O atual sistema de cuidados postos ao serviço dos toxicodependentes pelas entidades estatais está prioritariamente vocacionado para um atendimento individual, de índole clínica e com respostas que pouco se adequam a utentes que não dispõem de qualquer retaguarda que os apoie/enquadre na sua procura de saída da dependência das drogas ilícitas. Os denominados projetos de redução de riscos para os mais desprotegidos são mais falados e discutidos do que postos em prática ou, mais concretamente, não têm beneficiado de estímulos/incentivos que facilitem a sua experimentação e avaliação. Os projetos piloto existentes debatem-se com resistências várias que se prendem fundamentalmente com uma postura de fraca flexibilidade ainda vigente nalgumas instituições de saúde que se pautam por modelos organizacionais e de intervenção que não têm em conta a complexidade da dificuldade extrema de "sair da droga" e a enorme diversidade de casos/situações. O fundamental ato de "tratar", que não é sinónimo de "curar", fica circunscrito ao "gabinete" e àqueles que o coabitam uma hora, uma vez por semana. À exceção deste intervalo de 60 minutos, o toxicodependente deve gerir-se por si próprio.
No caso do toxicodependente de rua todo este quadro adquire contornos mais preocupantes, agravando, de forma dolorosa para o próprio, a procura duma saída: a solidão, a pobreza, a rejeição social e, evidentemente a droga, são as "companheiras" que tem ao seu dispor. Sair da rua é um ato de coragem e uma opção pela vontade de querer viver em comum com os outros. Sozinho é difícil…
Palavras-chave: Toxicodependente de rua; Prevenção; Redução de riscos; Representações sociais; Política pública; Comunidade.


RÉSUMÉ
Le present système de soins mis à la disposition des toxicodépendants par les entités publiques est prioritairement orienté vers un acceuil individuel, clinique et ayant des réponses peu adéquates face à des clients qui n'ont aucun support qui les puisse appuyer/encadrer, lors de leur recherche de sortir de la dépendance des drogues illicites. Les projets de réduction des risques, pour les moins protégés, sont plus parlés et discutés que mis en pratique, ou, plus concrètement, ils n'ont pas bénéficié des stimulus/incentives que puissent faciliter leur expérimentation et évaluation. Les projets pilote se débatent avec plusieurs résistances provoqueés par une faible fléxibilité, existant encore dans quelques institutions de santé, qui se régissent par des modèles d'organization et d'intervention qui ne tiennent pas en ligne de compte la complexité et l'extrème difficulté de "sortir de la drogue" bien que l'énorme diversité de cas/situations. L'acte fondamental de "traiter", qui n'est pas sinonyme de "guérir", reste circonscrit au cabinet de consultation et à ceux qui le co-habitent une heur, une fois par semaine. À l'exception de cette intervalle de 60 minutes, le toxicodépendant doit faire sa propre auto-gestion.
Dans le cas du toxicodépendant de rue tout ce cadre prend des lignes plus préocupantes, rendant plus grave, de façon douloureuse pour lui- -même, la recherche d'une sortie: la solitude, la pauvreté, la réjection sociale et, évidemment la drogue, sont les "compagnons" qu'il a à sa disposition. Sortir de la rue c'est un acte de courage et une option dirigée sur la volonté de vivre en commum avec les autres. Seul c'est difficile…
Mots-clé:Toxicomanes de rue; Prévention; Réduction de risques; Réprésentations sociaux; Politique publique; Communauté.


ABSTRACT
The present care system targeted at drug addict population, is directed towards individual therapy or counselling, with a clinical approach and strategies, that have little to do with addicts living in the streets, poorly supported by relatives in their attempt to change. The so-called harm reduction programmes, to the most deprived, are less practiced than discussed, or don't have the means and resources that could make possible their evaluation and experimentation.
The existing pilot projects are faceded with several objections from some agencies that are not aware of the difficulty of rehabilitation and/or the variety of cases and situations. The fundamental act of "treating", that is not the same thing as "healing", is reduced to a "office", and to those, who "live" there for one hour once a week. The drug addict must decide, many times alone, what to do outside these 6o minutes.
When we talk about "street addicts" all this framework turns into a darker picture, making harder a search for a way out: the loneliness, poverty, social rejection and the drug itself, are the "companions" they have. Leaving the streets is an act of courage and an option to live together with others. Alone is hard…
Keywords: Street addicts; Prevention; Harm reduction; Social representations; Public policy; Community.


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