Revista Toxicodependências

RESUMO
A banalização é um fenómeno de esvaziamento do sentido da realidade que nos envolve, esbatendo a ressonância afectiva e a riqueza projectiva das relações que estabelecemos com o mundo, reduzindo-as à funcionalidade do concreto. O percurso do ecstasy desde o seu nascimento nos laboratórios Merke até à actual popularidade nos universos recreativos ilustra de uma forma clara como se constrói o banal tendo por base uma substância de efeitos empatogénicos e o desejo partilhado de um reencontro das raízes primitivas de unidade tribal com a natureza. Esta reflexão conduznos, finalmente, ao equacionar das implicações desta (ir)realidade emergente, no trabalho do interventor na prevenção e na promoção da saúde. Qual é o contraponto ao primado do prazer e será ele uma base sólida para a construção de uma atitude protectora minimamente apetecível para a juventude actual? Qual o sentido de uma educação para a vivência do contexto recreativo e dos consumos de substâncias que lhe estão associados? Qual o papel do técnico neste processo entre a moral e o desejo?
Palavras-chave: Ecstasy; Prevenção; Modernidade.

RÉSUMÉ
La banalisation est un phénomène de vide du sens de la réalité qui nous enveloppe, estompant la résonance affective et la richesse projective des relations que nous établissons avec le monde, les réduisant à la fonctionnalité du concret. Le parcours de l’ecstasy depuis sa naissance dans les laboratoires Merke jusqu’à l’actuelle popularité dans les univers récréatifs, illustre d’une façon claire comme se construit le banal, ayant pour base une substance d’effets (em)pathogéniques et le désir partagé d’une rencontre des racines primitives de l’unité tribale avec la nature. Cette réflexion nous conduit, finalement, á une équation des implications de cette (ir)réalité émergente, dans le travail de l’intervenant dans la prévention et promotion de la santé. Quel est le contrepoint à la primauté du plaisir, et sera-t-il une base solide pour la construction d’une attitude protectrice, au minimum, attirante pour la jeunesse actuelle? Quel est le sens d’une éducation pour le mode de vie dans un contexte récréative et dês consommations des substances y associées? Quel est le rôle de l’expert dans ce processus entre le moral et le désir?
Mots-clé: Ecstasy; Prévention; Modernité.

ABSTRACT
The trivialization is a phenomenon of the emptiness of the reality that involve us, shading off the affective resonance and the projective richness of the relationships we establish with the world, reducing them to the functionality of the real. The course of ecstasy since its birth in Merke laboratories until the current popularity in the recreational universes, explains clearly how to build the trivial, having as a basis a substance of pathogenic effects and the shared desire of a reunion of the primitive roots of tribal unity with the nature. This thought lead us, finally, to ponder the implications of the emerging (ir)reality in the technician’s work in prevention and in health promotion. What is the counterpoint to the pleasure supremacy, and will it be a solid basis to build a protecting attitude, at least, desirable to the current youth? What is the meaning of an education for a way of living in a recreational context and for the associated substance abuse? What is the technician’s role in this process between morals and
desire?
Keywords: Ecstasy; Prevention; Modernity.