Ignorar Comandos do Friso
Saltar para o conteúdo principal
  • A-
  • A
  • A+
 

Revista toxicodependências

 
Revista nº: 1/2003
ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR DO COMPLEXO AMIGDALÓIDE DO RATO EXPOSTO À COCAÍNA: MODELO DE NEUROTOXICOLOGIA EXPERIMENTAL NO DESENVOLVIMENTO

Maria Amélia Tavares (IAFMUP e ICBASUP), Ivone Castro Vale (UNIBMCP), Ana Isabel Guimarães (UNIBMCP), Teresa Summavielle (UNIBMCP), Liliana de Sousa (UNIBMCP e ICBASUP)

RESUMO
O presente estudo tem como finalidade contribuir para a demonstração dos efeitos decorrentes da exposição à cocaína numa fase de desenvolvimento activo e, consequentemente, vulnerável do SNC, tendo como área alvo a amígdala. Para tal utilizou-se um modelo animal no rato (Wistar) para estabelecer eventuais homologias no estudo da exposição humana à cocaína durante o período referido: administração crónica diária de cocaína ao rato durante os primeiros 30 dias de vida. Ao grupo controlo foi administrado soro fisiológico. Foi estabelecida uma abordagem multidisciplinar contemplando aspectos do comportamento, da estrutura e da neuroquímica.
Os animais expostos à cocaína apresentavam diminuição da tentativa de escapar no TNF, aumento dos padrões da actividade e menor nível de defecação até ao DPN21; depois desta idade apresentavam menor actividade e maior defecação. Em relação às interacções sociais apresentavam mais comportamentos de cheirar, de posições erectas ofensiva e defensiva. No estudo neuroquímico verificou-se que a amígdala dos ratos do grupo exposto à cocaína tinha menor concentração de DA e maior turnover da DA e ainda neste grupo a concentração de DA era mais elevada na amígdala esquerda.
Assim, verifica-se existirem efeitos diferenciais dos sistemas neurotransmissores subjacentes aos mecanismos de dependência e de adicção às drogas de abuso. No que concerne o sistema dopaminérgico é possível adiantar, com base nos resultados deste estudo, que as alterações do comportamento demonstradas nos filhos de mulheres que consumiram cocaína durante a gravidez, como a deficiente regulação da atenção e da activação, podem estar relacionadas com diminuição da DA na amígdala que se verifica nas fases mais activas do desenvolvimento do SNC.
Palavras-chave: Amígdala; Cocaína; Comportamento; Morfologia; Neuroquímica; Rato; Desenvolvimento; Sistema Nervoso Central.


RÉSUMÉ
Cette étude a comme but contribuer à la démonstration des effets de l’exposition à la cocaïne dans une phase de développement actif et, en conséquence, vulnérable du SNS, ayant comme cible l’amygdale. Ainsi, on a utilisé un modèle animal avec le rat (Wistar) pour établir éventuelles homologies dans l’étude de l’exposition humaine à la cocaïne pendant la période suivante: administration chronique quotidienne au rat pendante les premiers 30 jours de vie. On a administré de la solution saline au groupe de contrôle. Une approche multidisciplinaire, qui a considéré aspects du comportement humain, de la structure et de la neurochimie, a été établie.
L’administration de cocaïne au rat pendant le période initial de développement postnatal a diminué l’espoir d’échapper au test forcé de la natation, a occasionné plus d’activité et moins de défécation jusqu’au 21 (vingt et unième) jour postnatal; après cet age ils présentaient moins d’activité et plus de défécation. En ce qui concerne les interactions sociales, ils présentaient plus de comportements de flairer, de positions verticales, offensives et défensives. L’étude neurochimique a montré que l’amygdale des animaux exposés à la cocaïne avait moins de concentration de DA et un turnover plus élevé de DA; dans ce groupe, la concentration de DA était plus élevée dans l’amygdale gauche.
Ainsi, il y en a des effets différentiels des systèmes neurotransmetteurs sous-jacents aux mécanismes de dépendance aux drogues d’abus. En ce qui concerne le système dopaminergique on peut dire, en voyant les résultats de cette étude, que les modifications de comportement montrées par les enfants des femmes consommatrices de cocaïne pendant la grossesse, comme les troubles déficitaires de l’attention et le contrôle de l’excitation, peuvent être liées avec la diminution de DA dans l’amygdale pendant les périodes plus actifs du développement du SNC.
Mots-clé: Amygdale; Cocaïne; Comportement; Morphologie; Neurochimie; Rat; Développement; Système nerveux central.


ABSTRACT
The present study aims to demonstrate the effects of the exposure to cocaine in vulnerable periods of the development of the CNS, having the amygdala as the target area; this work will contribute to the understanding of the mechanisms underlying cocaine related neurobehavioral toxicology in what they depend on the amygdala, in a period comparable to the second half of human gestation. An animal model extensively applied to study human exposure to cocaine during the referred period has been used: chronic administration of cocaine to the Wistar rat in the first 30 days of life. The control group has received saline solution. A multidisciplinary approach has been designed by applying to the same model and using the same animals for behavioural, morphologic and neurochemical evaluations.
Cocaine administration to the rat during the early postnatal period of development decreased the hope to escape from the forced swim test, caused more activity and less defecation until the postnatal day 21 (weaning day) and from there on less activity and more defecation, determined more behaviours of sniffing, of defensive and offensive erect positions. The neurochemical study revealed that the amygdala of the exposed animals had lower concentration of DA and higher DA turnover; in this group, the DA concentration was higher in the left amygdala.
The altered behaviour found in this study is associated with lower level of the amygdala dopaminergic tonus but no association with the serotonergic pathways was found. As far as the dopaminergic system is concerned – and it has been pointed as a major target in drug abuse – we can advance that the altered behavior described in children whose mothers used cocaine during pregnancy, such as deficiencies in attention and arousal regulation, may be related with a decrease in the levels of dopamine in the amygdala during the more active periods of the CNS development.
Keywords: Amygdala; Cocaine; Behaviour; Morphology; Neurochemistry; Rat; Development; Central Nervous System.


2003_01_TXT1.pdf
Voltar