Começou ontem, 25 de novembro de 2020, o Encontro Nacional
de Profissionais de CAD, com seis painéis e cinco workshops,
ao longo de três dias.
João Goulão, Diretor-Geral do SICAD e Coordenador Nacional
para os Problemas das Drogas, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool,
deu as boa vindas aos participantes e considerou que este evento corresponde a
“uma necessidade de criarmos um espaço para nos encontrarmos e partilharmos
experiências”. Aproveitou também para realçar o papel agregador do SICAD nas
respostas aos mais vulneráveis no período de pandemia sanitária, em
articulação direta com os parceiros que diretamente respondem às necessidades
destes cidadãos.
No dia inaugural ocorreram dois painéis, “À conversa sobre
Covid19 e os CAD” e “Seminário Crescer num mundo digital”, onde foi possível
abordar diversos tipos de respostas, nomeadamente, de Redução de Riscos e
Minimização de Danos e de Tratamento, de proximidade e de apoio
às populações vulneráveis, e a gestão de perigos e riscos do mundo digital,
resiliência digital e literacia digital, respetivamente. Os oradores
convidados, com as suas apresentações, possibilitaram o enriquecer do
conhecimento nas diversas áreas que desenvolveram nas suas intervenções.
Ludmila Carapinha e Elsa Lavado, investigadoras na Divisão
de Estatística e Investigação do SICAD, apresentaram dois estudos sobre o
consumo de bebidas alcoólicas e o uso da internet e videojogos, ambos no
período do confinamento.
Joana Vilares, coordenadora da Equipa
de Rua GIRUGaia e coordenadora da Rede
Nacional R3-Riscos Reduzidos, destacou o impacto da pandemia nas respostas e
nos utentes das estruturas de Redução
de Riscos e
Minimização de Danos, a situação
grave no plano social que ela provocou e o diálogo intenso e frutuoso com o
SICAD e as DICAD.
Carla Silva, Diretora-Geral e fundadora da ART – Associação
de Respostas Terapêuticas, a representar ao POCAD,
acentuou as situações complexas e de grande dificuldade por que passam as comunidades terapêuticas,
espelhadas na diminuição de entradas de utentes, no esquecimento da área do
tratamento e no encerramento de mais de uma dezena destas instituições.
Cláudia Maia, coordenadora da DICAD da ARS Algarve,
apresentou os desafios e preocupações transportadas pela pandemia, dando também
conta da diminuição de internamentos nas UDA por força da diminuição das
camas disponíveis impostas pela situação da Pandemia, e de
consultas nos CRI, em 2020, comparado com o período homólogo de 2019. Alertou
para o facto de só se conseguir manter as respostas de proximidade se for
reconhecida a importância destes cuidados.
Madalena Cruchinho, assessora do Conselho Diretivo do
Instituto da Segurança Social, informou que o apoio à população com problemas
de dependência passa, como sempre, pelo encaminhamento para respostas sociais em
apartamentos de reinserção social e equipas de intervenção direta, assim
como a disponibilização dos apoios sociais para pagamento das mensalidades dos
utentes internados em comunidades terapêuticas. Informou,
igualmente, o reforço do 144, Linha Nacional de Emergência Social, nomeadamente
através do reforço dos recursos humanos.
Eduarda Ferreira, membro da equipa portuguesa da Rede EU
Kids Online e investigadora no CICS.NOVA, referiu que o problema das
dependências está também muito ligado ao mundo digital,
porém é importante sabermos se é possível viver sem o digital e
se esta situação é efetivamente um problema. São
inúmeras as vantagens do uso
de ecrã e do digital, desde que se conheçam os riscos e se invista no
desenvolvimento da literacia digital.
Este Encontro Nacional, que acontece em formato digital,
prossegue hoje, com os três painéis: “O futuro começa agora”, “Inovação e
Descriminalização 20 anos depois”, e “Guidelines para a intervenção na área do
jogo”.