A magnitude dos problemas ligados aos CAD, na sua definição, mais abrangente, baseada na evidência científica, representa um problema de saúde pública, em todo o mundo. Sendo comumente identificável, pelas consequências relacionados com os consumos de substâncias ilícitas, a realidade demonstra que esta é somente uma parte do problema, aos nos confrontarmos com as repercussões dos consumos de álcool. Se a estas associarmos o manancial das consequências sócio-sanitárias de um conjunto de condutas emergentes, que na sua origem remetem ao mesmo substrato neurobiológico que as dependências “clássicas”, e em que estão ausentes as substâncias, o panorama relacionado aos CAD ganha a sua verdadeira expressão.
Os CAD são fenómenos que podem surgir em qualquer fase do ciclo de vida de um indivíduo, tendencialmente de evolução crónica, sujeitos a períodos de recaídas e de remissão associando-se, muito frequentemente, a outras patologias físicas e/ou psíquicas e a riscos e danos variados.
Assim, se compreende a importância crucial da promoção da acessibilidade destes cidadãos a serviços diferenciados/especializados, onde possam obter respostas adequadas ao nível de gravidade dos seus problemas.
A apresentação destas problemáticas pode manifestar-se por sinais de alarme diversos, desde alterações do comportamento e patologias somáticas, passando por situações em que já podem ser evidentes padrões disfuncionais de consumo (consumo baixo risco e de risco) – Nível I.
De gravidade acrescida, são as situações em que se tornam evidentes as consequências nocivas diretamente relacionadas com o padrão de consumo existente: consumo nocivo, policonsumo ou mesmo a dependência, ainda de expressão atenuada. Associados a estes padrões de consumo, surgem frequentemente comportamentos de risco em diversas esferas do funcionamento individual (saúde, sexualidade, social, familiar), bem como patologias diversas associadas a esse padrão disfuncional (comorbilidades) – Nível II.
Num continuum, a evolução desfavorável, a partir deste nível de gravidade, quando ocorre determina um agravamento do nível da patologia aditiva subjacente, bem como das suas consequências. A dependência assume características graves, a incursão por outros consumos recrudesce, decorrendo assim um aumento de probabilidade do surgimento/ agravamento de comorbilidades (psicopatologia grave) – Nível III.
Conceptualizando uma intervenção neste contexto, decorre da sua expressão a necessidade de uma intervenção integrada, de acordo com a avaliação do risco da situação em que a pessoa se encontra, bem como a articulação fluída de respostas, garantida por profissionais comprometidos com a melhoria contínua da qualidade dos seus serviços e dos cuidados prestados, que permita acompanhar as manifestações evolutivas desta patologia.
Figura: Relação de níveis de consumo, risco e intervenção