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Substâncias Psicoativas

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Substâncias Psicoativas
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CLORÍDRATO DE COCAÍNA
Histórico

Diversos achados arqueológicos permitem afirmar que a utilização da folha de coca é ancestral.

Já havia consumidores de folha de coca no Equador e no Perú por volta do ano 2500 a.C. e o acesso a esta esteve na origem de muitos confrontos nos séculos XII e XIII da nossa Era.
 
Para os Incas, era não só uma substância medicinal que servia, basicamente, para aliviar a fadiga, mas também, algo de sagrado e, como tal, incluída no panteão e nos rituais religiosos.
 
Depois da descoberta da América, a coca não despertou grande interesse entre os conquistadores. A sua atitude foi bastante ambígua a esse respeito: por um lado, a Igreja proibiu a mastigação da folha de coca por ser considerada um vício pagão e desprezível, mas, por outro, deu-se conta dos benefícios que isso lhe trazia, permitindo que os índios trabalhassem sob os efeitos dessa substância.
 
A partir dessa data, abundam as referências à utilização da coca pelos cronistas e viajantes, que louvavam os seus benefícios estimulantes e medicinais. No entanto, contrariamente ao que aconteceu com o tabaco e o quinino, não conseguiram atrair suficientemente os colonizadores para o seu consumo ou exploração comercial.
 
A cocaína foi isolada por Nieman e Wolter em 1858 e nos anos que se seguiram, o interesse pela substância aumentou; numa época em que a farmacologia era uma ciência incipiente e as restrições legais poucas ou nulas, rapidamente se comercializou em grande escala, convertendo-se num ingrediente fundamental de produtos, como o vinho tónico de Angelo Mariani e inumeráveis remédios caseiros, sendo inclusivamente, durante dezassete anos, a componente mais popular da Coca-Cola.
 
No entanto, neste mesmo período, uma importante discussão científica em relação à cocaína possibilitou avanços teóricos e conceptuais mais relevantes em torno do fenómeno da dependência. Por um lado, Sigmund Freud, seguindo as pisadas daqueles que preconizavam o uso terapêutico da cocaína, contribuiu para provar a sua utilidade como anestésico local e, ao mesmo tempo que começava a consumi-la, defendia a sua inocuidade nos seus diversos trabalhos. Por outro lado, Louis Lewin, que já tinha publicado a sua famosa monografia sobre "heroinomania", opõe-se às teses de Freud, desenvolvendo todo o modelo conceptual que temos vindo a descrever: o fenómeno da dependência das drogas. Nesse mesmo ano (1885), Freud retifica; publica os seus "apontamentos sobre a ânsia de cocaína" e começa a construir o conceito de toxicomania.
 
Em todo o caso, no princípio do século XX e em particular na etapa dos "despreocupados anos vinte" nos países ocidentais viveu-se uma epidemia de consumo de cocaína por aspiração nasal, até que as medidas internacionais de controlo e, de forma muito clara, a Segunda Guerra Mundial, reduziram drasticamente o seu consumo. No pós-guerra e pelo menos até aos anos 70, o seu consumo foi muito marginal obedecendo a diferentes padrões, de país para país.
 
Na década de 70, começando pelos Estados Unidos, a cocaína transformou-se numa droga associada publicitariamente à imagem do êxito social, o que proporcionou uma rápida expansão em todas as classes sociais e especialmente entre os consumidores habituais e abusivos de outras substâncias como, por exemplo, a heroína, o álcool ou as anfetaminas.
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